A secção de
"diáspora" desta semana traz o testemunho de uma jovem estudante
cabo-verdiana no Brasil que encontrou nos desafios e nas dificuldades a força
que precisava para seguir em frente.
Hoje, quase a terminar os seus
estudos, Lavínia é uma entre vários outros casos de sucesso de cabo-verdianos na diáspora. Conheça a sua história!
Meu nome é Lavínia Sofia Dos
Passos Cabral, estudante de fisioterapia, 20 anos de idade, nacionalidade
cabo-verdiana, natural da ilha de Santiago, cidade da Praia.
Em 2014 terminei o ensino
secundário e decidi candidatar-me para a vaga e vir estudar no Brasil. Eu
sempre quis estudar fora e estava consciente da dificuldade que eu ia
enfrentar, mas o desejo era maior.
Vim para o Brasil em fevereiro
de 2015. Lembro-me como se fosse hoje o meu primeiro dia aqui. Foi um choque
quando “caiu a fixa” que vim para ficar e sem tempo de ir passar férias. Nos
meus primeiros dias de aula foi muito difícil, porque não conhecia ninguém, não
sabia como é que as pessoas iam receber-me. Umas das minhas maiores
dificuldades foi me enturmar.
Em relação aos estudos tive
muitas dificuldades também em acompanhar, porque eram vários conteúdos; ficava
na escola o dia inteiro e chegava em casa sempre exausta. Depois de um bom
tempo comecei a adaptar-me e pude ver métodos melhores para conseguir estudar.
Hoje posso dizer que sair da
minha terra para vir estudar no Brasil, foi um dos grandes passos que eu tive
que dar. Foram muitas mudanças, porém, acho que foram necessárias, pois aqui eu
me redescobri, me tornei uma pessoa nova, alguém melhor.
A vida aqui não é fácil. A
cada manhã eu sei que terei novos desafios para enfrentar e novas lutas. E
parece que estes desafios se multiplicam de tamanho a cada dia simplesmente por
estar longe de casa e da minha família.
Aqui tudo parece ser mais
difícil, mais desafiador, mais doloroso. Às vezes fico a questionar-me se fiz a
escolha certa de vir para o Brasil, daí paro e penso que talvez se eu tivesse
ficado em Cabo Verde eu não teria expandido a minha bolha e saído da minha zona
de conforto. Talvez, eu não teria aprendido a dar tanto valor às coisas tão
pequenas.
Eu aprendi muito e a cada
manhã eu tenho uma nova página, uma folha em branco para escrever um novo
capítulo da minha história. Eu aprendi e sei que ainda tenho muito que
aprender, muito para crescer, muitas páginas para escrever.
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