Na
secção diáspora desta semana, trouxe para este espaço, a história de mais uma
guerreira cabo-verdiana que, com muita luta, singrou-se nos estudos e hoje é
uma referência de sucesso de entre centenas de cabo-verdianos, na diáspora.
O nome
soa tão bem aos ouvidos que o convite é obrigatório à leitura da sua
experiência. Sinta-se à vontade!
Pediram-me
para escrever um pouco da história da minha vida como estudante na diáspora.
Chamo-me
Isamárlie Martins Tavares, tenho 20 anos, sou cabo-verdiana, da Ilha do Maio.
Para
mim, o melhor presente que podemos dar a nós mesmos é o desafio de saírmos da
nossa zona de conforto, da nossa base; podemos viajar, ir viver noutro país,
estudar noutra escola, fazer as actividades que não fazíamos antes, etc.
Estou
no 3º ano do curso Matemática Aplicada à Economia e à Gestão e orgulha-me o
facto de ter passado três anos a tornar-me adulta, a ultrapassar as
dificuldades, longe da família e da minha terra.
Sentimos
sempre maior impacto no 1º ano da mudança, pois as saudades falam mais alto, o
corpo estranha o clima e vais ter que fazer novos grupos de amigos e/ou pessoas
conhecidas.
Já me tinham
contado muitas histórias, sobre as vivências e dificuldades daqueles que já
tinham passado por essa aventura. Mas só ao viver, ao experienciar é que
sentimos na própria pele, pois uma mudança desafia-nos, obriga-nos a adaptar e
a acostumar a uma nova realidade.
A minha maior dificuldade foi a de adaptar-me
ao curso que escolhi: Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, pois, cheguei
atrasada e como a matemática depende dos pilares/conceitos que são trabalhados
ao longo dos anos, dei por mim com falta de algumas bases necessárias para
acompanhar a matéria, visto que em Cabo Verde o ensino de matemática no
secundário está com um ano de atraso em relação ao Portugal.
Aquela
aluna que compreendia tudo nas aulas e às vezes ajudava o professor a dar aulas,
agora sentia-se a menos favorecida da turma. Foram situações destas que me
fizeram aprender a importância da humildade, do esforço e do trabalho. Como nada
é impossível, com muita luta e com ajuda dos professores e colegas/amigos
ultrapassei essas barreiras.
Estudar
no estrangeiro é cuidar de ti mesma, ser uma mini-dona de casa, lavar roupas, fazer
compras, gerir bem o dinheiro para que consigas cobrir os teus haveres.
Eu sou
a Isa e a melhor aventura que já fiz na vida foi ter estudado fora, pois dei
mais valor ao meu país, à minha família e tornei-me numa mulher adulta. Todos
os dias conheço novas pessoas, boas e más, que me ajudam a desenvolver como
indivíduo.
Força e, com a vontade tua e de Deus, la conseguiras...
ResponderEliminarFiz Erasmus em Portugal, a Isa ficou entre as minhas melhores lembranças. Tenho um carinho especial por ela. Sucessos linda!
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