sexta-feira, 5 de maio de 2017

Isamarlie, a menina que se tornou mulher…


Na secção diáspora desta semana, trouxe para este espaço, a história de mais uma guerreira cabo-verdiana que, com muita luta, singrou-se nos estudos e hoje é uma referência de sucesso de entre centenas de cabo-verdianos, na diáspora.
O nome soa tão bem aos ouvidos que o convite é obrigatório à leitura da sua experiência. Sinta-se à vontade!


Pediram-me para escrever um pouco da história da minha vida como estudante na diáspora.

Chamo-me Isamárlie Martins Tavares, tenho 20 anos, sou cabo-verdiana, da Ilha do Maio.

Para mim, o melhor presente que podemos dar a nós mesmos é o desafio de saírmos da nossa zona de conforto, da nossa base; podemos viajar, ir viver noutro país, estudar noutra escola, fazer as actividades que não fazíamos antes, etc.

Estou no 3º ano do curso Matemática Aplicada à Economia e à Gestão e orgulha-me o facto de ter passado três anos a tornar-me adulta, a ultrapassar as dificuldades, longe da família e da minha terra.

Sentimos sempre maior impacto no 1º ano da mudança, pois as saudades falam mais alto, o corpo estranha o clima e vais ter que fazer novos grupos de amigos e/ou pessoas conhecidas.

Já me tinham contado muitas histórias, sobre as vivências e dificuldades daqueles que já tinham passado por essa aventura. Mas só ao viver, ao experienciar é que sentimos na própria pele, pois uma mudança desafia-nos, obriga-nos a adaptar e a acostumar a uma nova realidade.

 A minha maior dificuldade foi a de adaptar-me ao curso que escolhi: Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, pois, cheguei atrasada e como a matemática depende dos pilares/conceitos que são trabalhados ao longo dos anos, dei por mim com falta de algumas bases necessárias para acompanhar a matéria, visto que em Cabo Verde o ensino de matemática no secundário está com um ano de atraso em relação ao Portugal.

Aquela aluna que compreendia tudo nas aulas e às vezes ajudava o professor a dar aulas, agora sentia-se a menos favorecida da turma. Foram situações destas que me fizeram aprender a importância da humildade, do esforço e do trabalho. Como nada é impossível, com muita luta e com ajuda dos professores e colegas/amigos ultrapassei essas barreiras.
Estudar no estrangeiro é cuidar de ti mesma, ser uma mini-dona de casa, lavar roupas, fazer compras, gerir bem o dinheiro para que consigas cobrir os teus haveres.

Eu sou a Isa e a melhor aventura que já fiz na vida foi ter estudado fora, pois dei mais valor ao meu país, à minha família e tornei-me numa mulher adulta. Todos os dias conheço novas pessoas, boas e más, que me ajudam a desenvolver como indivíduo.

2 comentários:

  1. Força e, com a vontade tua e de Deus, la conseguiras...

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  2. Fiz Erasmus em Portugal, a Isa ficou entre as minhas melhores lembranças. Tenho um carinho especial por ela. Sucessos linda!

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