quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Lavínia, de menina frágil a mulher forte

A secção de "diáspora" desta semana traz o testemunho de uma jovem estudante cabo-verdiana no Brasil que encontrou nos desafios e nas dificuldades a força que precisava para seguir em frente.
Hoje, quase a terminar os seus estudos, Lavínia é uma entre vários outros casos de sucesso de cabo-verdianos na diáspora. Conheça a sua história!


Meu nome é Lavínia Sofia Dos Passos Cabral, estudante de fisioterapia, 20 anos de idade, nacionalidade cabo-verdiana, natural da ilha de Santiago, cidade da Praia.

Em 2014 terminei o ensino secundário e decidi candidatar-me para a vaga e vir estudar no Brasil. Eu sempre quis estudar fora e estava consciente da dificuldade que eu ia enfrentar, mas o desejo era maior.

Vim para o Brasil em fevereiro de 2015. Lembro-me como se fosse hoje o meu primeiro dia aqui. Foi um choque quando “caiu a fixa” que vim para ficar e sem tempo de ir passar férias. Nos meus primeiros dias de aula foi muito difícil, porque não conhecia ninguém, não sabia como é que as pessoas iam receber-me. Umas das minhas maiores dificuldades foi me enturmar.

Em relação aos estudos tive muitas dificuldades também em acompanhar, porque eram vários conteúdos; ficava na escola o dia inteiro e chegava em casa sempre exausta. Depois de um bom tempo comecei a adaptar-me e pude ver métodos melhores para conseguir estudar.

Hoje posso dizer que sair da minha terra para vir estudar no Brasil, foi um dos grandes passos que eu tive que dar. Foram muitas mudanças, porém, acho que foram necessárias, pois aqui eu me redescobri, me tornei uma pessoa nova, alguém melhor.

A vida aqui não é fácil. A cada manhã eu sei que terei novos desafios para enfrentar e novas lutas. E parece que estes desafios se multiplicam de tamanho a cada dia simplesmente por estar longe de casa e da minha família.

Aqui tudo parece ser mais difícil, mais desafiador, mais doloroso. Às vezes fico a questionar-me se fiz a escolha certa de vir para o Brasil, daí paro e penso que talvez se eu tivesse ficado em Cabo Verde eu não teria expandido a minha bolha e saído da minha zona de conforto. Talvez, eu não teria aprendido a dar tanto valor às coisas tão pequenas.

Eu aprendi muito e a cada manhã eu tenho uma nova página, uma folha em branco para escrever um novo capítulo da minha história. Eu aprendi e sei que ainda tenho muito que aprender, muito para crescer, muitas páginas para escrever.

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