A
depressão é uma das sérias patologias mental que afeta um grande número de
pessoas a nível mundial, sobretudo nesta nova era digital, onde existe uma
forte pressão das novas tecnologias que invadem o interior das pessoas,
conduzindo à um profundo sentimento de vazio e uma necessidade mórbida de estar
sozinho, restando somente a companhia de dispositivos eletrónicos, o que em
muitos casos pode constituir-se nos primeiros sintomas desta doença.
Várias são as causas da depressão, que em
muitas circunstâncias não variam consoante a faixa etária. Em jovens
universitários faz-se urgente conhecer os motivos da depressão e traçar
estratégias que sejam suficientemente capazes de dar vazão a este mal psicológico
e também social.
Sobre a depressão
A depressão refere-se a uma doença caracterizada pela presença de uma
alteração do humor persistente e suficientemente grave para ser considerada uma
“perturbação”. Geralmente ela pode ser desencadeada por um conjunto de
motivações, de diversas ordens, que acaba por conduzir as pessoas para o abismo
emocional.
A camada jovem, mais
concretamente os estudantes universitários, também estão expostos à esta
doença, que a par do vírus da SIDA e dos acidentes rodoviários, é uma das
maiores causas de morte na faixa etária compreendida entre os 10-19 anos, de
acordo com um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em
maio de 2014.
Embora pareça ser algo
insignificante, passageiro ou meramente uma fase, a depressão assume contornos
mais profundos e de impactos preocupantes que podem se agravar caso não for
diagnosticado a tempo.
Porque os sinais que dão são confundidos com alterações
de comportamento comuns nessa fase, a família várias vezes não está
suficientemente sensível à estas mudanças e com reduzida capacidade de detectar
que o jovem possa estar a desencadear um quadro depressivo.
Atualmente, é possível
identificar a doença por meio de marcadores biológicos encontrados no sangue
graças a descoberta de um exame capaz de diagnosticar a depressão que foi
anunciada em setembro de 2014 por um grupo de pesquisadores da Universidade
Northwestern, nos Estados Unidos.
Sintomas
Como fora citado
anteriormente, a depressão é anunciada por uma série de motivações e de
natureza variada. No entanto, especialistas
esclarecem que é preciso considerar a intensidade e a frequência desses sinais
e analisá-los dentro de um contexto mais amplo, avaliando o estado geral do jovem. Dentre muitos sobressãem as seguintes:
1 - Humor depressivo
O adolescente parece não sentir alegria ou prazer de viver. Mostra-se
melancólico, entediado, indisposto e sem esperança. Tem baixa autoestima e pode
apresentar crises de choro sem razão aparente.
2 – Apatia
Às vezes, é confundida com preguiça. O adolescente demonstra falta de energia,
cansaço frequente e perda de interesse por atividades que antes eram
prazerosas.
3 - Isolamento social
Os adolescentes deprimidos tendem a se isolar de amigos e familiares.
4 - Irritabilidade e instabilidade
Mau humor, descontrole emocional e explosões de raiva podem fazer parte do
quadro depressivo.
5 - Alteração do ritmo de sono
O adolescente pode dormir mais ou menos do que de costume. Também são comuns
episódios de insónia.
6 - Alteração no apetite
Perder a vontade de comer é o mais frequente, mas pode haver, também, aumento
de apetite, sobretudo por alimentos doces. Perda ou ganho de peso significativo
em pouco tempo podem estar associados.
7 - Dificuldade de concentração
Frequentemente está associada à queda no rendimento escolar. Em alguns casos, o
jovem depressivo abandona os estudos.
8- Pensamentos suicidas
São comuns ideias mórbidas e tentativas de suicídio.
Aquilo que foi o interesse em estudar este mote, buscou-se analisar e
compreender o que é que motiva o desencadeamento da depressão em jovens
universitários.
Segundo Odete Mota, enfermeira com especialidade em saúde mental e
docente na Universidade de Cabo Verde, “ as razões da depressão em jovens que
estão na universidade, são enormes, começando pelo facto de estarem em
transição de uma fase para outra, isto é, a saída do liceu para entrada no
ensino superior”.
Desta “não adaptação” às exigências que a universidade impõe, muitos
destes jovens universitários acabam por sofrer frustrações e stress que se não
forem cuidado, conduzem à depressão.
Não obstante, outras causas são passíveis de analisar,
tais como a saída da casa dos pais para estudar em outro lugar; a
responsabilidade em assumir a própria vida e fazer a gestão dos seus assuntos,
longe dos familiares e da casa.
“Por
exemplo, os que vêm das outras ilhas, são confrontados com a mudança brusca de
um espaço para outro, o que faz com que a adaptação se torne mais difícil e
mais dolorosa.”- exemplifica Odete.
É importante realçar que os perfis destes jovens são diferentes, pois, é
preciso observar a depressão em jovens que acabam de ingressar às universidades
e aqueles que estão já de malas feitas para o mercado de trabalho. Nestes
últimos, as causas variam.
Os jovens universitários que estão na reta final do curso, enfrentam
outro tipo de frustrações, stress e ansiedade. Contrariamente aos que estão na
fase inicial, esta camada lida com preocupações que, na perspetiva da Odete
Mota, são motivadas pela forte concorrência existente no mercado de trabalho e
pela vontade de firmar-se independente perante a sociedade e a família. “
Querem dar uma resposta efetiva para terem uma resposta melhor a médio e longo
prazo quando entrarem no mercado laboral”.
Impactos
A partir do anúncio dos primeiros sintomas, os jovens já começam por
sofrer os efeitos desta doença, refletidos no insucesso escolar, na vontade de
isolar-se e perder amigos, no fraco desempenho das atividades que antes eram
realizadas com gosto.
O suicídio pode ser a consequência mais grave
de um quadro depressivo não tratado adequadamente, mas não é a única. A
depressão na infância e na adolescência é duradoura e afeta múltiplas funções,
causando significativos danos psicossociais.
Medidas
de prevenção
De acordo com as declarações
da enfermeira Odete Mota, “muito além de tentar solucionar o problema, vale
mais apostar em medidas preventivas” capazes de fazer face à esta problemática
psicossocial.
De uma pluralidade de medidas
anunciadas, algumas como a prática de exercícios físicos de forma regular, sono
reparador, alimentação com qualidade, são de extrema importância. Salientar
também que o cultivo de boas práticas para a elevação da autoestima e a
construção de uma forte personalidade são chamadas enquanto medidas para
prevenir a depressão.
O tratamento da
depressão na adolescência é, em geral, multidisciplinar. As melhores opções de
conduta associam o uso de antidepressivos, receitados por um psiquiatra, com
apoio psicoterápico e acompanhamento à família.
Porém, nem todos os casos requerem
medicação, mas é fundamental o envolvimento dos familiares.
Na Universidade de Cabo
Verde, existe um Gabinete de Orientação Psico-pedagógica do Estudante (GOPE) que
desde a sua criação- em 2015 já ajudou muitos jovens universitários que
apresentaram um quadro depressivo forte, através do fornecimento de consultas e
conversas com um médico psicólogo que presta serviços ao gabinete todas as
terças-feiras de manhã.
Ainda
que as preocupações sejam várias e as angústias imensas, o jovem universitário
deve apostar num forte autoincentivo a fim de saber lidar com as dificuldades e
driblar a grande vilã: a depressão.
Por: Vadimila Borges