Sara Patrícia é o rosto desta semana, na nossa seção de diáspora. Jovem universitária, guerreira e determinada, Sara é uma entre muitos cabo-verdianos que se aventurou pela diáspora à procura do cultivo de conhecimento e de novas experiências.
Os desafios são enormes, segundo Sara, no entanto, desistir está fora de cogitação. Confira você mesmo o desenrolar deste relato!
Meu
nome é Sara Patrícia Furtado Monteiro, tenho 20 anos de idade, nacionalidade
cabo-verdiana, natural da ilha de Santiago, cidade da Praia.
Falar da minha experiência universitária só me traz dor e ao mesmo tempo mais coragem
para enfrentar o que me trouxe aqui.Sou
estudante do 2º ano do curso de Informática na Universidade Portucalense no
Porto (Portugal).
Em
20-09-2015 foi o dia que começou tudo; foi o dia que saí da casa dos meus pais,
o dia que abandonei a minha terra natal com o objetivo de concretizar o meu
maior sonho (de finalizar um curso superior).
O ano em que tive a obrigação de saber o que é ser uma dona de casa, de ser
responsável pela minha própria gerência económica, de me adaptar à uma cidade
onde não sei de nada e numa faculdade onde não conheço ninguém.
Recordo-me
como se fosse hoje, o meu primeiro dia de aulas, como um peixe que
estava fora de água: não compreendia mesmo nada, não só do que se tratava nas
aulas como também da forma que falam (Português do Norte), mas isso nunca se
constituiu em desespero para mim, mas sim mais motivação.
A
minha maior dificuldade foi quando vim para Portugal e que descobri que a minha
mãe tinha um tumor maligno. Esta sim foi a dificuldade que tive de enfrentar
até hoje; de ser forte e de não misturar os problemas daqueles que me pertencem
com a minha faculdade.
Foi
difícil, mas hoje agradeço a Deus por ela estar livre, e ao mesmo tempo pela
força que tive mesmo com esses problemas, para lutar e conseguir transitar-me
de ano.
Ter
independência não foi algo que me afetou muito, porque desde pequena tive ausência
materna por muitos anos, portanto, viver sozinha não foi nenhum obstáculo com o
qual me deparei.
Nunca
fui mimada e quando cheguei aqui, a certeza que tive e tenho é que nada na vida
se consegue com um piscar de olhos, como também, nada é impossível.
As
pessoas que estão longe pensam que todos que saem do país para ter mais
liberdade, poder ir às festas como e quando quiser e viver sozinha sem as chatices
dos pais.
Isso
é apenas uma ilusão. O que realmente enfrentamos aqui são: dificuldades de
encontrar uma casa e não ter problemas com os vizinhos, problemas financeiros,
racismo, entre outros.
Falar
de racismo não me refiro somente da cor, mas sim de problemas que nós, estudantes
africanos, sofremos principalmente no momento de escolher um par para fazer um
trabalho de grupo na sala de aula, momento em que sempre ficamos prejudicados
com as notas. Algo que nunca intendo.
A
dificuldade de afastamento dos amigos não tive, porque a maioria veio comigo,
porém, como a mãe diz, aqui cada um é por si e Deus por todos. Amigos aqui
pode-se dizer que não existem, no entanto, há outros que agora considero como
se fossem da minha família.
O
mais falado entre esses tópicos: a influência. Para mim esta palavra não existe
e nunca existiu. Quem tem os seus próprios valores a influência nunca será um
obstáculo a ultrapassar.
E
para concluir, espero ter sido clara na abordagem da minha experiência e poder transmitir
motivações e esforços para a concretização dos nossos objetivos.
Força Sara o pior já si Passau agora lutar para que tudo torna melhor força foco fé... sua mãe já esta bem de saúde graça a Deus, sucesso...
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