sexta-feira, 12 de maio de 2017

A Depressão Juvenil- o contexto universitário


A depressão é uma das sérias patologias mental que afeta um grande número de pessoas a nível mundial, sobretudo nesta nova era digital, onde existe uma forte pressão das novas tecnologias que invadem o interior das pessoas, conduzindo à um profundo sentimento de vazio e uma necessidade mórbida de estar sozinho, restando somente a companhia de dispositivos eletrónicos, o que em muitos casos pode constituir-se nos primeiros sintomas desta doença.

 


 Várias são as causas da depressão, que em muitas circunstâncias não variam consoante a faixa etária. Em jovens universitários faz-se urgente conhecer os motivos da depressão e traçar estratégias que sejam suficientemente capazes de dar vazão a este mal psicológico e também social.

Sobre a depressão

A depressão refere-se a uma doença caracterizada pela presença de uma alteração do humor persistente e suficientemente grave para ser considerada uma “perturbação”. Geralmente ela pode ser desencadeada por um conjunto de motivações, de diversas ordens, que acaba por conduzir as pessoas para o abismo emocional.

A camada jovem, mais concretamente os estudantes universitários, também estão expostos à esta doença, que a par do vírus da SIDA e dos acidentes rodoviários, é uma das maiores causas de morte na faixa etária compreendida entre os 10-19 anos, de acordo com um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em maio de 2014.

Embora pareça ser algo insignificante, passageiro ou meramente uma fase, a depressão assume contornos mais profundos e de impactos preocupantes que podem se agravar caso não for diagnosticado a tempo. 

Porque os sinais que dão são confundidos com alterações de comportamento comuns nessa fase, a família várias vezes não está suficientemente sensível à estas mudanças e com reduzida capacidade de detectar que o jovem possa estar a desencadear um quadro depressivo.

Atualmente, é possível identificar a doença por meio de marcadores biológicos encontrados no sangue graças a descoberta de um exame capaz de diagnosticar a depressão que foi anunciada em setembro de 2014 por um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.



Sintomas
Como fora citado anteriormente, a depressão é anunciada por uma série de motivações e de natureza variada. No entanto, especialistas esclarecem que é preciso considerar a intensidade e a frequência desses sinais e analisá-los dentro de um contexto mais amplo, avaliando o estado geral do jovem. Dentre muitos sobressãem as seguintes:

1 - Humor depressivo
O adolescente parece não sentir alegria ou prazer de viver. Mostra-se melancólico, entediado, indisposto e sem esperança. Tem baixa autoestima e pode apresentar crises de choro sem razão aparente.

2 – Apatia
Às vezes, é confundida com preguiça. O adolescente demonstra falta de energia, cansaço frequente e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas.

3 - Isolamento social
Os adolescentes deprimidos tendem a se isolar de amigos e familiares.

4 - Irritabilidade e instabilidade
Mau humor, descontrole emocional e explosões de raiva podem fazer parte do quadro depressivo.

5 - Alteração do ritmo de sono
O adolescente pode dormir mais ou menos do que de costume. Também são comuns episódios de insónia.

6 - Alteração no apetite
Perder a vontade de comer é o mais frequente, mas pode haver, também, aumento de apetite, sobretudo por alimentos doces. Perda ou ganho de peso significativo em pouco tempo podem estar associados.

7 - Dificuldade de concentração
Frequentemente está associada à queda no rendimento escolar. Em alguns casos, o jovem depressivo abandona os estudos.

8- Pensamentos suicidas
São comuns ideias mórbidas e tentativas de suicídio.

Aquilo que foi o interesse em estudar este mote, buscou-se analisar e compreender o que é que motiva o desencadeamento da depressão em jovens universitários.

Segundo Odete Mota, enfermeira com especialidade em saúde mental e docente na Universidade de Cabo Verde, “ as razões da depressão em jovens que estão na universidade, são enormes, começando pelo facto de estarem em transição de uma fase para outra, isto é, a saída do liceu para entrada no ensino superior”.

Desta “não adaptação” às exigências que a universidade impõe, muitos destes jovens universitários acabam por sofrer frustrações e stress que se não forem cuidado, conduzem à depressão.  

Não obstante, outras causas são passíveis de analisar, tais como a saída da casa dos pais para estudar em outro lugar; a responsabilidade em assumir a própria vida e fazer a gestão dos seus assuntos, longe dos familiares e da casa.  

“Por exemplo, os que vêm das outras ilhas, são confrontados com a mudança brusca de um espaço para outro, o que faz com que a adaptação se torne mais difícil e mais dolorosa.”- exemplifica Odete.

É importante realçar que os perfis destes jovens são diferentes, pois, é preciso observar a depressão em jovens que acabam de ingressar às universidades e aqueles que estão já de malas feitas para o mercado de trabalho. Nestes últimos, as causas variam.

Os jovens universitários que estão na reta final do curso, enfrentam outro tipo de frustrações, stress e ansiedade. Contrariamente aos que estão na fase inicial, esta camada lida com preocupações que, na perspetiva da Odete Mota, são motivadas pela forte concorrência existente no mercado de trabalho e pela vontade de firmar-se independente perante a sociedade e a família. “ Querem dar uma resposta efetiva para terem uma resposta melhor a médio e longo prazo quando entrarem no mercado laboral”.

Impactos

A partir do anúncio dos primeiros sintomas, os jovens já começam por sofrer os efeitos desta doença, refletidos no insucesso escolar, na vontade de isolar-se e perder amigos, no fraco desempenho das atividades que antes eram realizadas com gosto.

O suicídio pode ser a consequência mais grave de um quadro depressivo não tratado adequadamente, mas não é a única. A depressão na infância e na adolescência é duradoura e afeta múltiplas funções, causando significativos danos psicossociais.


Medidas de prevenção
De acordo com as declarações da enfermeira Odete Mota, “muito além de tentar solucionar o problema, vale mais apostar em medidas preventivas” capazes de fazer face à esta problemática psicossocial.

De uma pluralidade de medidas anunciadas, algumas como a prática de exercícios físicos de forma regular, sono reparador, alimentação com qualidade, são de extrema importância. Salientar também que o cultivo de boas práticas para a elevação da autoestima e a construção de uma forte personalidade são chamadas enquanto medidas para prevenir a depressão.  

O tratamento da depressão na adolescência é, em geral, multidisciplinar. As melhores opções de conduta associam o uso de antidepressivos, receitados por um psiquiatra, com apoio psicoterápico e acompanhamento à família.
Porém, nem todos os casos requerem medicação, mas é fundamental o envolvimento dos familiares.


Na Universidade de Cabo Verde, existe um Gabinete de Orientação Psico-pedagógica do Estudante (GOPE) que desde a sua criação- em 2015 já ajudou muitos jovens universitários que apresentaram um quadro depressivo forte, através do fornecimento de consultas e conversas com um médico psicólogo que presta serviços ao gabinete todas as terças-feiras de manhã.

Ainda que as preocupações sejam várias e as angústias imensas, o jovem universitário deve apostar num forte autoincentivo a fim de saber lidar com as dificuldades e driblar a grande vilã:  a depressão. 



Por: Vadimila Borges

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