Vadimila Borges Licencianda em jornalismo |
Quando
se termina os estudos secundários, levamos connosco a satisfação de trabalho
feito e no rosto o sorriso de estar em condições de ingressar no ensino
superior. Porém, quando terminamos a licenciatura, invade-nos um medo, que as
próprias palavras não conseguem descrever exatamente.
É uma
mistura de medo, desafio invisível e um frio na barriga só de imaginar o que
nos aguarda o mundo laboral: “a madrasta má”. É como que caminhar por um túnel
escuro, andando aos sobressaltos e com medo de encontrar ratos pelo caminho.
Não é
fácil, nestes dias que correm, ser otimista com o cenário no qual vivemos atualmente:
uma gorda estatística de desemprego jovem, inclusive de jovens com
licenciatura.
Se
antes, a conclusão do ensino secundário era uma garantia de emprego, hoje os
ventos são outros, tanto que nem uma licenciatura vale o esforço de quatro anos
de curso e muito menos a certeza de que já se tem um lugar garantido no mercado
de trabalho.
Terminamos
o curso com a sensação de incerteza e um pouco desacreditados. São nestas horas
que parámos para refletir se fizemos uma escolha inteligente. E perguntamos a
nós mesmos se neste mundo vasto há espaço para mais um que,
nos pés de graúdos,
é ainda um bebé que sequer saiu das fraldas?
O que
é bem visível, e não adianta fingir cegueira temporária, é que em Cabo Verde,
em todas as profissões, existem funcionários com tempo de trabalho cessado, por
idade ou pelo tempo de serviço, que ainda não foram (ou não querem ir) para a
reforma para dar espaço aos mais novos, com vontade e energia de inovar.
É
certo que cada um sempre vai “puxar a brasa para a sua sardinha” e eu não podia
ser diferente e tampouco aqueles que já têm uma vida e carreira feita. Assim
sendo, pergunto: o que é feito de nós, jovens recém-licenciados? O nosso
esforço não significa nada? O nosso diploma é somente um papel?
As
entidades empregadoras preferem trabalhar sobretudo com gente que já tem alguma
experiência, mínimo de três anos. Compreendo. Mas, se ninguém está disposto a
dar uma e primeira oportunidade, como é que nós podemos ganhar experiência? Não me parece que seja lá em casa. É errando
que se aprende e se progride como bom profissional. Com uma boa lapidação, todo
diamante bruto pode se transformar numa linda joia.
É
ainda bom lembrar que aqueles que hoje têm orgulhosamente trinta anos de
carreira profissional, um dia já foram jovens, já tiveram insegurança e
cometeram muitas gafes durante o percurso. Começaram de algum lugar. Tudo
começou com uma oportunidade. E é por esta oportunidade que estamos a batalhar.
Não nos fechem as portas sem ao menos nos terem dado uma chance de provar que
valemos.
Se
ninguém quiser nos empregar, há um plano B: ser empreendedor! O
empreendedorismo é agora uma das nossas fugas. Para fugir às responsabilidades,
tentaram convencer a juventude de que apostar no empreendedorismo é um ato de
bravura, coragem… ladainha. O próprio ambiente económico do país não facilita o
“novo empresário”, sobretudo na dificuldade de acesso ao crédito para iniciar um
negócio. Entretanto, o bom senso aconselha levar esta opção em conta.
O
mercado de trabalho se transforma em algo assustador, injusto e mau aos nossos
olhos. Porém, se tudo for muito bem organizado, planeado e justo, os jovens,
licenciados ou não, poderão ter acesso ao emprego, via disputa e
competitividade, onde o rigor, a excelência e a inovação sejam os principais
critérios que o mercado de trabalho vai exigir aos profissionais.
De outro
modo, duas mil e dezoito (2018) toneladas de otimismo não vão ser o melhor
remédio. Oxalá
o cenário mude. E que seja para melhor!
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