quarta-feira, 17 de maio de 2017

A Utopia da Qualidade do Ensino Superior em Cabo Verde

Cabo Verde começou a ter universidades num número mais expressivo no início do ano 2000. De lá para cá, tanta coisa mudou, inclusive a própria qualidade de ensino.

O ensino superior em Cabo Verde é muito jovem e por causa disso, as suas fragilidades ainda são várias. Os cursos que nos são disponibilizados são ainda reduzidos, conduzindo, deste modo, a uma pressão das profissões dentro do país. E quando assim é, o desemprego qualificado tende a aumentar.

É o que está a acontecer neste momento em relação ao curso de jornalismo, por exemplo. Todos os anos, as universidades lançam dezenas de jornalistas ao mercado de trabalho, quando, no entanto, não há espaço suficiente para colocar todas estas pessoas.

O que deveria ser feito, seria, portanto, fechar os cursos cuja profissão o mercado está saturado e incentivar os alunos a escolherem áreas que o país tem carência de profissionais e lhes seja possível encontrar emprego com mais facilidade.

Temos lacunas e dificuldades imensas no que tange ao nível de conhecimento com o qual os estudantes ingressam às universidades. Questão bastante visível é que uma boa parte dos estudantes universitários tem grandes complicações com a escrita e oralidade em Língua Portuguesa.

Levando em conta que o Ensino Superior exige bastante destas duas vertentes, pergunto: onde é que estará a falha? Nos ensinos primário e secundário, ou no próprio sistema de ensino que permite que alunos com graves problemas de comunicação acedam às universidades?

É necessário pensarmos nesta questão, pois, não é competência da universidade ensinar como é que se lê e se escreve. Aqui apenas se partilham conhecimentos e se formam profissionais.

Pensemos também na própria qualidade dos professores que nos são enviados para lecionar. Alguns com somente uma licenciatura feita, o que em muitos casos não garante muita coisa; e outros que sequer sabem comunicar com proficiência.

Da mesma forma que rigorosamente se deve selecionar os alunos que queiram estudar nas universidades, sejam elas públicas ou privadas, também, mediante uma forte peneiração, devem escolher os docentes decentes para ajudar-nos na construção do conhecimento.
Não bastam apenas curriculum e diploma. É preciso ter vocação para ensinar e saber vestir a camisola.


Somente quando houver um trabalho conjunto bem feito é que a qualidade no ensino superior poderá ser alcançada. Até lá, dormimos e acordamos com a utopia de ensino superior com qualidade em Cabo Verde. 
                                                                                                   Por: Vadimila Borges

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