A secção diáspora desta semana, põe em destaque uma jovem universitária bastante conhecida pelas suas publicações nas redes sociais.
Faz faculdade de enfermagem no Brasil e é uma defensora da cultura afro. Representa, entre muitos estudantes cabo-verdianos na diáspora, um caso de sucesso nos estudos e a nível pessoal.
Conheça a história de Sara Martins!
"Si ka badu ka ta biradu": uma
aventura longe de casa
A
vida de quem inventa de estudar fora é amanhecer tendo a certeza que se está no
lugar certo e, dormir com vontade de estar no colo dos pais. Isso nunca deixará
de ser diferente!
Lembro-me
claramente de quando fui selecionada para cursar fora, naquele dia, naquele
momento, fui invadida por diversos sentimentos, era medo de sair das “asas” dos
pais e a certeza/garantia de um ensino no exterior e muito mais do que isso, a
certeza de uma oportunidade de voar, ir além da fronteira, além do que os meus
olhos podiam ver.
Ainda
lembro do último olhar dos meus pais, das lágrimas e da despedida, do carinho e
da incerteza de quando irei voltar e sentir o cheirinho de casa, o abraço da
mamãe e do papai, da mana e do mano. Mas achas que isso me fez desistir?! NÃO!
O sonho ainda falava mais alto.
Chegando
aqui, no Brasil, tudo era diferente, a língua, a comida e inclusive os amigos,
era tudo novo, tudo estranho. Mas a vontade de vencer ainda falava mais alto, a
vontade de voltar para a casa com o tão famoso DIPLOMA DO ENSINO SUPERIOR.
Agora
eu sou adulta, tenho responsabilidades, contas para pagar e tenho que
cuidar de mim. E quando eu ficava doente? Ah, agora é “eu por mim”, a sopinha
quentinha da mamãe nos dias de gripe se tornaram em miojo, ou conhecida como
“sopa koka” em Cabo Verde. Tinha que acordar cedo, sem a voz do meu papai me
avisando que estava atrasada. E o café prontinho na mesa, isso foi substituído
por fast foods a caminho da universidade.
Mas
apesar de toda a responsabilidade que fui obrigada a adquirir, de todos os
choros e desânimos o sonho continuava aceso, a cada noite de fraqueza vinham seguidas
de manhãs de força.
Toda
a manhã levanto-me e, como dizem os brasileiros, vou “sacodir a poeira e, dar a
volta por cima”. E como todas as noites, eu durmo com a certeza que deveria
estar em casa, mas acordo com a vontade de lutar e vencer.
Então eu digo-te,
ouse, abuse, ultrapasse a linha vermelha. Estudar no exterior é “matar um leão
por dia”, mas no final, a sua luta valerá a pena.
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