Esta secção vem dar a conhecer os casos de sucessos, angústias, dificuldades e aprendizados que os estudantes universitários enfrentam no país que os acolhe, durante uma estadia que pode ficar marcada por histórias, de sucesso e de fracasso.
Desta feita, trouxe para este espaço a visão de uma jovem universitária que simboliza, entre vários outros estudantes, um caso de sucesso e orgulho para Cabo Verde. Dispensam-se apresentações! Conheça você mesmo!
O meu nome é Navvab
Aly, tenho 20 anos, nasci em Santo Antão e cresci em Santiago, mais
concretamente na cidade da Praia (Cabo Verde). Sou finalista no curso de
Relações Internacionais na Universidade de Coimbra.
2014 Foi um ano decisivo para mim, terminei
o ensino secundário no Liceu Domingos Ramos e já estava a tratar de tudo o que
era necessário em termos burocráticos para candidatar às vagas oferecidas pela
Direcção Geral de Ensino Superior.
Relações Internacionais foi a minha opção
número 1. Coimbra era a minha cidade de sonhos, queria muito vir para cá e
fazer parte desta cidade cheia de encantos e bastante famosa devido à tradição
académica em si. Foi aqui que nasceu tudo, toda a tradição que depois expandiu
pelos diversos cantos deste país e pelas diversas cidades Universitárias
Portuguesas, não poderia ser melhor. Quando consegui a vaga foi meio que um
sonho a se tornar realidade, foram misturas de sensações e vários mas, vários
medos.
Quando eu cheguei aqui
não sabia bem o que iria acontecer. é sempre
mau, no início, sair da nossa zona de conforto, da nossa casa e ao pé da nossa
família e dos nossos amigos. É sempre duro mas uma pessoa vai se habituando. Eu
vi várias pessoas desistirem durante estes meus 3 anos, falo de pessoas de
outras nacionalidades que chegam cá e não se habituam e metem nas suas cabeças
que nunca se vão habituar. Acontece de tudo, há pessoas e pessoas com suas
capacidades e seus gostos e não podem nunca julgar.
As minhas dificuldades foram e são
muitas, não é nada fácil tirar um peixe de um aquário e meter noutro à espera
que ele conviva e habitue super rápido com os novos "amigos", para
mim foi complicado aceitar que tinha mesmo que viver aquele momento e aceitar
que era necessário fazer novos amigos e mudar o estilo de vida. Ora, nada é
impossível fiz, faço e continuo a fazer amigos e esta é uma das maiores
vantagens de vir estudar fora, conhecemos inúmeras pessoas de diferentes sítios
e com culturas incríveis! Eu me considero uma pessoa rica cada vez que aprendo
mais coisas sobre outros Países, mesmo que seja um simples hábito ou uma
simples crença de um povo!
É uma vida completamente diferente
daquela que temos na casa dos nossos pais pelo simples e grande motivo de que
agora somos nós os responsáveis pelos nossos atos e tudo mais...Se eu não
cozinhar não chego a casa e encontro a comida feita, se eu não limpar não há
quem limpe por mim e se eu não tratar das coisas, pagar as contas e resolver
certos assuntos ninguém o fará por mim. É muita pressão no início mas acaba por
ser extremamente necessário a meu ver, eu não acho que ganharia a maturidade e
a responsabilidade de ganhei aqui nestes últimos 3 anos se eu tivesse ficado em
Cabo Verde na casa dos meus pais.
Acredito que a independência não se
baseia em sair para festas e não ter hora para voltar (o que muitos têm em
mente quando chegam aqui) mas sim, no saber quando sair, quando estudar, como
equilibrar o sair e o estudar, como resolver certos assuntos e como priorizar
certas coisas que são primordiais para o nosso futuro.
Vejo pessoal que chega aqui, recebe o
dinheiro do esforço dos pais e nunca faz nenhum esforço para fazer as cadeiras,
passar de ano, realizar pequenas coisas que vão contribuindo para a construção
do nosso futuro. É triste ver jovens com oportunidades e sem a noção da
importância destas mesmas oportunidades.
As minhas angústias acho que acabam por
ser angústias de todos os que decidem lutar pelo seu futuro fora do País de
origem e longe do conforto, eu não soube lidar bem com a falta que a minha família
me fazia no início. Hoje estou bem com a situação, sempre que posso vou para
Cabo Verde mas é complicado para qualquer um. Perdemos datas importantes,
momentos importantes e coisas importantes por estarmos aqui. A minha maior
dificuldade foi com a certeza absoluta suportar a dor da perda do meu avô e não
poder fazer nada para alterar a situação e nem poder estar lá porque foi mesmo
numa época decisiva do meu segundo ano de curso. São coisas que acontecem com
todos e a única solução é ser forte e ter muita fé.
Se tudo correr bem (acredito que irá) eu
termino a minha licenciatura em Junho, falta muito pouco e a ansiedade é
enorme!!! Não pretendo voltar para Cabo Verde por agora para trabalhar ou seja
o que for porque tenciono fazer o Mestrado e eventualmente um Doutoramento.
Para mim é importante voltarmos para a nossa terra e dar o nosso contributo
quando estivermos preparados e não ser cabeças da lista de fuga de cérebros que
sabemos que é enorme em Cabo Verde!!
É importante ter coragem, fé e batalhar
sem medir esforços pelos nossos sonhos. Nada é impossível quando somos seres
com mentes abertas.
Saudações académicas.
xD Just amazing!!!
ResponderEliminarOh,minha menininha code, Puntcha,as lágrimas continuam a correr ao ler este artigo. Estamos orgulhosos de ti a agradecemos a Deus o Tudo Poderoso que fez simplesmente tudo está obra. É mais uma demonstração da Mão do Nosso Criador.......sem Ele, nada disso teria acontecido. Apesar de estar longe da família biológica, Deus te colocou nas mãos de famílias espirituais que transcende qualquer coisa terrena.A essas pessoas maravilhosas a nossa gratidão eterna. Deus nos criou na Sua Imagem - com os Seus Atributos Divinos - poder, amor, conhecimento, compaixão, sabedoria, etc. Quem souber aproveitar, sempre terá sucesso. És exemplo vivo de uma batalhadora,nos momentos críticos sem esperança, nasceu uma forte fé e coragem. .....continues assim e se Deus quiser, alcançarás todas as netas e objectivos. Inchallah. Papi,Mami,e Dutchi.
ResponderEliminarMetas, quer dizer
ResponderEliminarSucessos Mss Danso...
ResponderEliminar