segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Quando Ser Estudante Pressupõe Mendigar

Licencianda em jornalismo
Na universidade, coisa que não nos falta, graças a Deus, é trabalho para fazer. Constantemente, para não dizer todos os dias, estamos encarregados de produzir conteúdos e entregar. Até aqui tudo bem, tudo normal.

Apenas um “detalhe” que nos mata: as pessoas não colaboram na nossa progressão, não nos ajudam a produzir conhecimento, e outras, simplesmente por maldade, colocam obstáculos no nosso caminho.

A primeira opção seria desistir, não fosse o peso de um zero ou voltar a fazer a cadeira no próximo ano. Como o tempo é um luxo do qual não dispomos, fazemos as noites virarem dias, pulamos refeições, mendigamos por entrevistas…, mas conseguimos fazer o nosso trabalho. Conseguimos entregar e a nota faz jus ao esforço de cada um.

Não sei se é simplesmente uma perceção subjetiva, mas, a ideia que se tem é que as pessoas não nos facultam informações, maioritariamente coisas simples, porque não podem ou porque não gostam mesmo de ajudar?

A sensação que se tem é que existe uma certa discriminação para com os estudantes. Quando solicitamos algum tipo de entrevista ou informação e nos identificarmos como tal, logo se começa por arranjar desculpas feitas e mal-feitas, enrolam-nos, os emails que enviamos, coitados, vão todos parar ao lixo. Um ou outro, mais educado, responde ainda que seja para dizer “Não posso”. 

Como é que querem que sejamos competentes, preparados, bons profissionais e capazes, se quando precisamos da vossa mão, fazem questão de esconde-la atrás das costas? O jornalista trabalha sem fontes? Não!

Quando não se colabora, o resultado é este: o estado caótico em que o jornalismo cabo-verdiano vem caminhando, a passos lentos, que a qualquer dia, se cair, não consegue mais se levantar .

Reclama-se muito que em Cabo Verde não há investigação e que os jornalistas não são pró-ativos. Pergunto: o que é que as pessoas, enquanto fontes, têm feito para ajudar a melhorar este cenário, de preto e branco?

O nosso trabalho, agora e futuramente, vai depender da disponibilidade e da vontade de terceiros, infelizmente.

Dados não podemos inventar, informações tampouco falsificar e muito menos tornar coisas fictícias reais. Foi-nos ensinado que jornalista trabalha com fatos reais e que tem protagonistas. A verdade é nosso pilar.

Mesmo, entre espinhos e caras feias, fazemos o nosso trabalho, para ganhar experiência ou para transitar numa disciplina. O caminho é para frente e é lá que estaremos com os olhos postos, sempre!

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