Vadimila Borges- Licencianda em Jornalismo |
Bem
se sabe que as provas de acesso realizadas pelas universidades constituem, de
uma certa forma, uma estratégia para limitar a entrada de alunos num
determinado estabelecimento de ensino superior.
Contudo, também sabemos que
isto não passa de uma propaganda falaciosa.
Se não,
vejamos: os alunos são submetidos à uma prova "passaporte" que lhes concede ou
não a entrada na universidade através de uma classificação.
As notas, muitas das
vezes, pouco merecedoras para legitimar a entrada e permanência no ensino
superior, fazem com que alguns passem e outros que fiquem como suplentes.
Todavia, ao fim e ao cabo, todos passam e se matriculam e no fundo, de nada
valeu a prova de acesso.
Na
verdade, o objetivo destas provas é
proporcionar ao aluno a ilusão de que teve que batalhar, a todo vapor, para estar na universidade e que ali só está quem pode e não quem quer. Que está pronto para frequentar o rigor e as exigências que o ensino superior por si só requer.
proporcionar ao aluno a ilusão de que teve que batalhar, a todo vapor, para estar na universidade e que ali só está quem pode e não quem quer. Que está pronto para frequentar o rigor e as exigências que o ensino superior por si só requer.
Como
pode haver casos em que alguém com uma classificação de cinco valores- numa
escala de zero a vinte- numa prova de acesso e estar apto para estudar na
universidade? Nestas provas são
avaliadas todas as competências necessárias que se espera de um estudante
universitário? O que pretende, de facto, uma universidade quando submete os
alunos às provas de acesso?
Estas são algumas das questões muito inquietantes que ao
mesmo tempo nos fazem pensar se não é a própria universidade a culpada pelos
ditos “fracassos” que se tem tido em relação ao perfil dos novos licenciados,
em todas as áreas.
É evidente que o acesso à educação é um direito de todos,
contudo, há que se ter maior rigor e fazer uma boa "peneiração" dos estudantes
que a universidade recebe. Desta forma, não se está somente a dignificar a
instituição como também a contribuir para o desenvolvimento do país, quando
injeta no mercado de trabalho grandes profissionais e quadros de excelência.
O que o bom senso manda fazer é, talvez, estabelecer uma
classificação mínima capaz de impossibilitar que qualquer estudante seja um merecedor do título
de universitário. É passar a cultivar nos caloiros a ideia de que para se
aceder à universidade é necessário muito esforço, algo que cinco valores não
faz por merecer. Mas enquanto a universidade tiver contas para pagar e gastos
para suportar, todos podem ser universitários, desde que as propinas sejam
pagas. Entende-se.
Portanto, só para vermos que as provas de acesso valem
aquilo que valem e até mesmo aquilo que não valem. No momento em que se fala
muito do rigor, qualidade e excelência do ensino superior em Cabo Verde,
repensar o processo da execução e efetivação das provas de acesso é um
imperativo e… recomenda-se!
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