segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Propaganda enganosa: as provas de acesso

Vadimila Borges- Licencianda em Jornalismo
Bem se sabe que as provas de acesso realizadas pelas universidades constituem, de uma certa forma, uma estratégia para limitar a entrada de alunos num determinado estabelecimento de ensino superior. 
Contudo, também sabemos que isto não passa de uma propaganda falaciosa.

Se não, vejamos: os alunos são submetidos à uma prova "passaporte" que lhes concede ou não a entrada na universidade através de uma classificação. 

As notas, muitas das vezes, pouco merecedoras para legitimar a entrada e permanência no ensino superior, fazem com que alguns passem e outros que fiquem como suplentes. Todavia, ao fim e ao cabo, todos passam e se matriculam e no fundo, de nada valeu a prova de acesso.

Na verdade, o objetivo destas provas é
proporcionar ao aluno a ilusão de que teve que batalhar, a todo vapor, para estar na universidade e que ali só está quem pode e não quem quer. Que está pronto para frequentar o rigor e as exigências que o ensino superior por si só requer.

Como pode haver casos em que alguém com uma classificação de cinco valores- numa escala de zero a vinte- numa prova de acesso e estar apto para estudar na universidade? Nestas provas são avaliadas todas as competências necessárias que se espera de um estudante universitário? O que pretende, de facto, uma universidade quando submete os alunos às provas de acesso?

Estas são algumas das questões muito inquietantes que ao mesmo tempo nos fazem pensar se não é a própria universidade a culpada pelos ditos “fracassos” que se tem tido em relação ao perfil dos novos licenciados, em todas as áreas.

É evidente que o acesso à educação é um direito de todos, contudo, há que se ter maior rigor e fazer uma boa "peneiração" dos estudantes que a universidade recebe. Desta forma, não se está somente a dignificar a instituição como também a contribuir para o desenvolvimento do país, quando injeta no mercado de trabalho grandes profissionais e quadros de excelência.

O que o bom senso manda fazer é, talvez, estabelecer uma classificação mínima capaz de impossibilitar que qualquer estudante seja um merecedor do título de universitário. É passar a cultivar nos caloiros a ideia de que para se aceder à universidade é necessário muito esforço, algo que cinco valores não faz por merecer. Mas enquanto a universidade tiver contas para pagar e gastos para suportar, todos podem ser universitários, desde que as propinas sejam pagas. Entende-se.

Portanto, só para vermos que as provas de acesso valem aquilo que valem e até mesmo aquilo que não valem. No momento em que se fala muito do rigor, qualidade e excelência do ensino superior em Cabo Verde, repensar o processo da execução e efetivação das provas de acesso é um imperativo e… recomenda-se!

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